sábado, 6 de novembro de 2010

04 - A Jornada do Puro Osso - Parte 02

Roteiro: Marcelo Felix - Participação de Alhana e João Paulo.

Durante boa parte de sua vida João Paulo nunca se importou do fato de ser uma pessoa de nível esquelético acima do permitido, porém, isso passou a ser um fardo desde que a mulher de bigodes, no qual se apaixonou, dissera em alto e bom som: “Ficar com você? Bah!?! Eu gosto de glúteos, meu camarada! Venha até mim quando tiveres algo palpável”.


Apesar de toda a tristeza de ter levado um fora sem precedentes do amor de sua vida, o rapaz de pouca carne e muitos ossos passou a ter esperanças quando o seu amigo, Diego Leal, lhe dissera que uma pessoa chamada Tamires de la Buenda poderia o ajudar a conseguir a bunda que tanto queria.

Acordou bem cedo, pegou a sua mochila 100% fabricada de papel higiênico e colocou o endereço da Tamires e outros utensílios que poderiam ajudar em sua jornada como um lubrificador de fêmur, pinos para ossos, pente fino para limpeza da caixa torácica e muitas bolachas com cálcio na fórmula. Em seguida, foi ao banheiro escovar os dentes e ligou o seu rádio, que logo começou a transmissão:

- Bom dia queridos ouvintes! Será que todos estão bem treinados? Então vamos lá! Seria “K” de Kilo? Perguntava o locutor.

O Puro Osso, mesmo escovando os dentes, disse altivamente:

- Nãooooooooo!

- Então seria K de “Kilômetro Parado”?

- Nãooooooooo!

- Então o que seria meus queridos ouvintes?

- Seria “K” de Kansas! Disse o esqueleto cuspindo pasta em todo o espelho.

- Isso mesmo! “K” de Kansas, por que a Rádio Kansas FM está sempre perto de você!

João Paulo abriu e fechou a mandíbula de forma fantasmagórica, mas isso era uma forma de demonstrar que estava sorrindo. Adorava as aberturas da rádio Kansas FM.

- Hoje será um dia de temperatura agradável, mas peço atenção para as fortes ventanias que poderá ocorrer no período da manhã e tarde. SEGUREM as roupas dos filhotes no varal minhas queridas ouvintes! Agora fiquem com a música: “Se a remessa não chega, manda um sinal” do grupo Pixote.

João Paulo desligou o rádio, a notícia de que poderia haver ventanias durante o dia não era nada boa, afinal, devido sua magreza, era alvo constante destes eventos da natureza e já perdeu a conta de quantas vezes foi levado para outros distritos, ou até países, em virtude de fortes ventos. Mesmo assim, não estava disposto a esperar nem um dia a mais para se encontrar com a moça que o ajudaria a ter glúteos. Pegou a mochila já com todos os utensílios dentro e abriu a porta, até que deu de cara com algo que mais parecia um pesadelo.

- Bom diaaaaaa, Magrelo! Disse uma voz balofa e feminina.

- Alh... Alh... Alha... Alhana?!? Disse João Paulo em pânico.

Alhana era uma moça simpática e falante, porém ela era campeã em aparecer em momentos inesperados. Exista até relatos de pessoas que ela nem conhecia que viam o seu rosto no espelho fazendo biquinho de peixinho, logo pela manhã, dizendo: “Glu Glu”, o que aumentava a procura da população de Kansas por curandeiros habilidosos em eliminar encostos e espíritos zombeteiros.

- Como você é chato, Magrelo! Não vai me convidar para entrar?

Mesmo sem a permissão do dono da casa, a moça logo adentrou, abriu a geladeira, retirou uma melancia de 80 quilos e começou a degustar como um leão faminto.

- Alhana, olha não me leve a mal, mas eu preciso sair agora. Tenho algo muito impor...

A moça falante, que já havia devorado a melancia foi logo dizendo:

- Magrelo deixa eu te contar um babado! Agora estou ganhando um dinheirinho extra todo mês vendendo 240 quilos da minha leve gordurinha do abdômen semanalmente para o bar do Tonho. Parece que a minha carne está fazendo um sucesso enorme lá. Não é demais?

Para não aumentar o ego da amiga, o osso revestido de pele decidiu não contar que no dia anterior havia comido um suculento “Alhana com sucrilhos mergulhado no leite Tipo J”. Alhana definitivamente era o seu oposto, o que ela tinha de muito ele tinha de nada. João Paulo a imaginava como um delicioso pavê de domingo que era preparado com camada em cima de camada, só que no caso dela, era banha em cima de banha. Já a Alhana o imaginava como um apetitoso osso buco de quinta feira cozido com batata e cenoura.

- O que eu tenho que fazer para você me deixar ir? Disse o puro osso em tom de desespero.

- Vamos comigo até o parque de frente ao Museu de Kansas. Hoje é dia do “Desafio da Alhana”. Posso pensar no caso em te deixar ir caso vença. A Bruna e a Camila nos esperam lá.

O QUE SERÁ ESTE “DESAFIO DA ALHANA”? E O QUE ACONTECERÁ COM A JORNADA DO NOSSO HERÓI? CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

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